18/05/2012

ANAQUIM | Discurso Direto



Depois de "A Vida dos Outros" (2010) os Anaquim estão de regresso aos discos com "Desnecessariamente Complicado", um disco composto por 14 canções escritas sob o olhar atento de José Rebola, porque para os Anaquim a cantiga ainda é uma "arma poderosa".

Portugal Rebelde - O que une e separa o álbum “Desnecessariamente Complicado” do vosso disco de estreia  editado em 2010?

José Rebola - O que une é a nossa abordagem à música e a crença que ela pode abarcar alegrias e tristezas, seriedade e humor, valsas e psychobilly. É a nossa atenção à sociedade que nos rodeia e a necessidade O que separa é que a ingenuidade do Anaquim vai-se perdendo, e está mais reivindicativo e menos insistente nos eufemismos.

PR - Sem nunca afastarem a “paleta sonora” que vos caracteriza: o swing, a country, o jazz manouche, o cabaret ou a música portuguesa, este é um disco, que em termos musicais está mais próximo do rock. Concordas?

JR - Sim. Quando há urgência, controvérsia, reestruturação social e procura de sentido num país e mundo em que as coisas boas se vão rarefazendo, o rock é o veículo ideal para embarcar nessa viagem. É assim desde os anos 50, e mesmo com a emergência do hip-hop, por exemplo, outra forma de luta através das palavras, o rock não vai esmorecendo.

PR - O fio condutor às 14 canções deste disco são os temas de carácter social. A cantiga para os Anaquim ainda é uma arma?

JR - Claro. Quem não tem aparentemente nada ainda tem a voz e as ideias. É uma arma das mais poderosas e das que menos baixas causa. Mais do que a luta, um mundo sem música seria um mundo já derrotado.

PR - “Desnecessariamente Complicado” foi a canção escolhida para apresentação deste disco. De que é nos fala este tema?

JR - Este tema fala-nos de voltar às coisas boas e básicas da vida, às soluções simples por caminhos diretos e não por atalhos travessos, por cima das obstruções e dificuldades que vão inevitavelmente acontecer. É o relembrar de coisas que vamos esquecendo por causa do que temos sempre de fazer para ontem.

PR - Um dos convidados deste disco é Viviane, que participa no tema “Onde acaba o Oeste?”. Como é surgiu esta oportunidade?

JR - Curiosamente surgiu mais uma voz nas redes sociais, desta feita no Facebook. O que começou como uma troca de elogios acabou num convite para colaboração e se no mundo virtual já havia simpatia, no mundo real foi ótimo conhecer a Viviane e testemunhar o seu talento e a maneira como deu vida própria ao tema.

PR - Já tiveram a oportunidade de apresentar este disco em Coimbra, Porto e Lisboa. Como é que correram estes concertos?

JR - Foram concertos muito bons, em que tentámos recriar fielmente os temos do disco, acrescidos da energia do palco, claro. Contámos com muitos convidados, um dos quais muito especial, o público, que recebeu muito bem as novas canções. Um segundo álbum é sempre um desafio e sentimos que ganhámos este.

PR - Numa frase apenas como caracterizarias este “Desnecessariamente Complicado”?

JR - Em palavras que li: queremos a utopia para hoje, não para amanhã.

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